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Povos Indígenas chamam à mobilização continental

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Por IELA em 10 de agosto de 2007

Povos indígenas chamam à mobilização continental
10/08/2007
O dia 09 de agosto é apontado pelas Nações Unidas como o Dia Internacional dos Povos Indígenas, mas, na América Latina a data não serviu como comemoração. Pelo contrário, foi um dia de reflexão e de reafirmação das lutas que vem sendo travadas no continente, tendo como protagonistas os povos originários. Segundo nota divulgada pela Coordenadora Andina de Organizações Indígenas, para quem aqui vivia nos tempos da conquista, estes 515 anos nada mais são do que a expressão do saqueio, do genocídio e da destruição. Além disso, a entidade avalia que os atuais acordos econômicos que permitem a invasão de empresas multinacionais nos territórios ocupados pelos povos autóctones, seguem provocando ainda mais violência e destruição de direitos.
Os povos originários também denunciam a permanente violação dos direitos humanos e os crimes praticados pelo terrorismo de Estado através dos exércitos e governos nacionais com o objetivo de exterminar de vez suas culturas. Por conta disso, rejeitam os acordos de livre comércio que os países assinam sem que suas populações sejam consultados. Entendem que estes acordos só favorecem as multinacionais que exploram os recursos naturais e a biodiversidade afetando de forma substancial o modo de vida das comunidades, provocando cada dia mais miséria e exclusão.
Igualmente, o processo de militarização dos estados nacionais, as mudanças nas leis, que acontecem para que sejam perseguidos os líderes indígenas que defendem seus territórios, os assassinatos, as prisões e a criminalização dos movimentos, seguem sendo rechaçados. Todo esse ataque às lutas só reforça ainda mais o preconceito e a discriminação secular e os indígenas não aceitam serem tratados como seres inferiores, incapazes de gerir seus próprios destinos.

Por outro lado, a nota da Coordenadora Andina deixa claro que os povos originários respaldam as mudanças constitucionais que vêm sendo feitas em países como Bolívia e Equador, na tentativa de construir um Estado Plurinacional, que garanta a participação dos povos indígenas. “Não somos folclore da democracia, nem complemento da paisagem. Somos atores políticos descendentes de uma grande civilização e nos propusemos a mudar o sistema desde sua concepção e estrutura. Por isso, somos atores da transformação dos Estados. Só assim garantiremos a nossa inclusão e seguiremos avançando no fortalecimento de cada um deles, tornando realidade nossos princípios de equidade, solidariedade, justiça e sobretudo, democracia participativa, com o exercício pleno de nossos direitos de auto-governo comunal e autonomia territorial”, afirma Miguel Palacín Quispe, coordenador geral. Segundo ele, a meta é construir a Pátria Grande, tal qual era Abya Yala e estabelecer um outro contrato social que garanta o direto de todos, refundando os Estados-Nação subsumidos na corrupção e na dívida.
Assim, termina a nota conclamando os povos a mobilização continental no dia 12 de outubro para protestar contra o saqueio dos territórios e todas as perseguições sofridas pelas gentes originárias.
Jallalla povos indígenas
Kausakum povos indígenas

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