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Indígena Digital

A capacitação da juventude indígena no manejo das novas tecnologias é mais um passo para a autonomia e emancipação dos povos originários.

A Universidade Federal de Santa Catarina, através do IELA, iniciou em 2011 um importante projeto de inclusão digital das comunidades indígenas do estado. O trabalho, coordenado pela professora Beatriz Paiva (Serviço Social/UFSC), começou no Morro dos Cavalos, com uma comunidade Guarani que vive próximo à Florianópolis. Desse processo foi produzido um documentário sobre a cultura local, difundido pela rede mundial de computadores. Depois, em 2013, por conta do sucesso da proposta, o grupo de trabalho decidiu ampliar o projeto para todo o estado de Santa Catarina, abrangendo mais outras quatro aldeias da etnia Guarani. A partir daí essas cinco aldeias Guarani foram visitadas e, em cada uma delas, criado um núcleo de discussão e capacitação para o uso das novas tecnologias. Foram realizadas oficinas, nas quais os equipamentos de vídeo e fotografia eram apresentados e os jovens indígenas capacitados para o manuseio. O objetivo final desse processo foi a filmagem e a construção de um vídeo em cada aldeia, tudo feito pelos próprios Guarani. Cada comunidade decidiu-se por um tema específico: a situação da aldeia, o milho, folguedos tradicionais, coral indígena e demarcação de terra.

A rica experiência de inclusão digital em Santa Catarina, que se estendeu por quatro anos, levou o grupo coordenado por Beatriz Paiva a propor um passo mais ousado, que culminou com a construção de um novo projeto – semelhante ao vivido no estado – para todo o Brasil. Assim, nasceu o projeto de Inclusão Digital Indígena Nacional que pretende formar jovens e adultos indígenas no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, principalmente aquelas voltadas para produção, edição e veiculação de audiovisual.

Essa terceira fase do trabalho começou em fevereiro de 2015 e está sendo feita em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, suas representações locais (Arpinsul, ArpinPan, ArpinSudeste, CGY, COIAB, APOINME, Aty Guassu), Universidades Federais ou Institutos Federais de cada região e a Fundação Nacional do Índio.

Ao todo são cinco regiões do país e cinco etnias (Tembé, Kaigang, Guarani, Tupiniquim, Apib), respectivamente nos estados do Pará, São paulo, Paraná, Pernambuco e Distrito Federal. Todas essas comunidades receberão capacitação em audiovisual, fotografia, produção e edição de vídeos, com a veiculação virtual e material dos conteúdos produzidos, nos mesmos moldes do trabalho que foi realizado em Santa Catarina.

A intenção é fortalecer essa articulação de entidades para que, mais na frente, se possa pensar em um programa de universalização da Inclusão Digital para os indígenas de todo o Brasil. “Apostamos que com a socialização dos conhecimentos com os Povos Indígenas, favorecendo o respeito ao modo tradicional de viver de cada povo e o seu fortalecimento, poderemos estabelecer um novo marco das relações de comunicação indígena. Este projeto de extensão, além de contribuir para o fortalecimento das práticas de extensão na Universidade Federal de Santa Catarina e particularmente no curso de Serviço Social desta instituição, é uma iniciativa inédita em nível nacional”, diz Beatriz Paiva.

Toda essa proposta, que começou em Santa Catarina, está baseada no profundo compromisso que tanto o Departamento de Serviço Social, como o IELA, onde o projeto está sediado, têm com a defesa dos direitos dos povos indígenas. Ancorado nessa ideia, o grupo liderado pela professora Beatriz, realizou um amplo trabalho de consulta prévia junto aos povos indígenas para que fossem eles os que decidissem qual seria o caminho a tomar. Articulados pela APIB foram os próprios indígenas que decidiram onde e quais seriam as comunidades atendidas.

 A equipe já está trabalhando no sentido de priorizar as condições materiais da localidade escolhida, com disponibilidade de conexão de internet e uma estrutura compatível com o abrigo da chuva ou outras intempéries. Essas condições são prioritárias para que o projeto possa começar.

O censo 2010 do IBGE informa que em todas as regiões do Brasil existem comunidades indígenas, com uma população que já chega a 900 mil pessoas. Destas, 62% vivem nas chamadas Terras Indígenas, já demarcadas ou em vias de demarcação. O número é bastante significativo e coloca para o estado brasileiro um desafio, que é o de realmente garantir às comunidades o acesso à informação e aos mecanismos de produção dessa informação para que possam vivenciar sua autonomia em igualdade de condições com os não-índios. Algumas políticas sociais no campo da informatização já foram criadas, como é o caso do Programa Sociedade de Informação, iniciado em 1999, o modelo brasileiro de inclusão digital, criado em 2004, bem como os Programas Casa Brasil, Cultura Viva e o GESAC. Todos eles articulam e/ou articularam diferentes órgãos do governo, mas não ofereceram ou oferecem programas para os indígenas, por isso a importância desse trabalho em particular, que prioriza a inclusão dos povos originários no universo digital.

É fato que ao longo da história entre o estado e os povos indígenas a proposta sempre foi de “integração” ao mundo não-índio, mas as condições para isso nunca conseguiram ser satisfatórias, causando, inclusive, muitos danos e reafirmando preconceitos. Depois, com a Constituição de 1988, o respeito à diversidade cultural e à autonomia da organização indígena colocou um novo marco na relação com os povos autóctones. Ainda assim, há muito para conquistar no que diz respeito a direitos e território. O trabalho realizado hoje avança no sentido de garantir aos povos indígenas as condições de conhecimento tecnológico para que eles mesmos possam criar o conhecimento que consideram necessário para compartilhar com a nação brasileira. É um trabalho de mediação entre o estado e as comunidades, através de políticas sociais, mas que garante total autonomia dos povos indígenas quanto aos temas discutidos e propostas de audiovisual.

Assim, tal como aconteceu nas comunidades Guarani de Santa Catarina, serão realizadas oficinas de formação nas aldeias, durante o período que vai de março de 2015 a janeiro de 2016, tendo como conteúdo a produção audiovisual, a fotografia, a edição de vídeos e veiculação virtual e material dos conteúdos produzidos. Serão realizadas captações de imagens, montagem e edição de vídeos e fotografia, mixagem de som e veiculação e distribuição de material. Não bastasse isso, as aldeias também receberão equipamentos e uma ilha de edição. Todo o trabalho será feito pelos próprios indígenas. Com isso, espera-se que o mundo digital possa ser mais um espaço de difusão da cultura originária e de debate sobre os desafios dessa relação entre os indígenas e a sociedade não-índia que ainda está longe de ser ideal.

Vamo que vamo!

O projeto de extensão Indígena Digital avançou em 2015 para várias regiões brasileiras, buscando alcançar um número bem maior de comunidades indígenas.

Produções

Grupo de Estudos Wera Tupã

Grupo de estudos sobre a questão indígena, vinculado ao projeto de pesquisa
e extensão Indígena Digital.

 

Como Participar?

As atividades são abertas e qualquer pessoa pode participar.

A condição para o ingresso no grupo é a leitura dos textos que são colocados para discussão. Os textos estarão disponíveis no Xerox do CSE – UFSC.

As próximas reuniões já estão agendadas.

Veja a seguir o cronograma:

2º Ciclo de estudos do Grupo Wera Tupã

Livro: Os índios e a Civilização - a integração das civilizações indígenas no Brasil moderno.
Darcy Ribeiro

08 de Outubro

Capítulos 1 e 2

05 de Novembro

Capítulo 3 e Conclusão

Encontros das 14 às 17 horas na sala nº 102 do Blo. D do CSE

Estão todos convidados!

Coordenadora

Beatriz Paiva

Professora no Departamento de
Serviço Social e Coordenadora
do Coletivo Veias Abertas

Integrantes

Cris Mariotto

Doutorando em Serviço Social, indígena do povo Guarani e articulador do Projeto Indígena Digital

Marjori Machado

Monitora - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Hilda Alonso

Monitora - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Vitor Tonin

Articulador - Projeto Inclusão Digital Indígena

Rafael Poddixi

Articulador - Projeto Inclusão Digital Indígena

Filipe Wingeter

Monitor - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Tiago Correa

Ilustrador de conteúdo - Projeto Inclusão Digital Indígena

Elieser Antunes

Correspondente Indígena - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Tamires Vígolo

Monitora - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Nalá Ayalén

Voluntária - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Juliana Fritzen

Bolsista extensão

Julia Justino

Monitora - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Mayse Espindola

Ministrante de oficinas - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Lucas Macario

Ministrante de oficinas - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Tiago Loch

Ministrante de oficinas - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Carla Werneck

Bolsista extensão

Aline Rodrigues

Monitora - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Takua Antunes

Correspondente Indígena - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Karai Mariano

Correspondente Indígena - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Kennedy Karai

Correspondente Indígena - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Lucas Rokadju

Correspondente Indígena - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Roberson Corrêa

Ministrante de oficinas - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Elaine Tavares

Tecnica-Adminstrativa em Educação e Jornalista no IELA

Rubens Lopes

Jornalista formado pela UFSC e fotógrafo. Membro do IELA.

Caroline Rodrigues

Monitora - Projeto de Inclusão Digital Indígena

Contato

Informações gerais:

O projeto Indígena Digital já está encerrado desde 2017. No entanto, mantemos esta página no ar devido às informações de interesse geral.

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