Feminismo burguês e parada gay da indústria cultural

Foto: Margaret Benston, autora marxista. Imagem retirada da Monthly Review

O trabalho doméstico não pago da mãe, e da mulher em geral, continua ao ingressar no mercado do trabalho. A psicanalista Karen Horney, depois de investigar na obra de Freud o medo masculino da mulher que é fonte de sua depreciação e de sua agressividade neurótica, concluiu que o segredo está na partenogênese, isto é, no útero que dá de nascer ao homem.

Jacques-Marie Lacan falava do desejo psicótico de James Joyce em querer parir um filho nascido de útero masculino. Os homens e as mulheres homossexuais são manipulados pelo espetáculo gay da indústria cultural. A verdade é que despolitizam e desproletarizam o corpo do homossexual convertendo-o em pura genitália fetichista. Ainda que os países falsamente socialistas reprimam a homossexualidade, no capitalismo o homossexual está condenado como o “diferente” tal qual o índio.

Um lance que sempre me intrigou é que os homossexuais brasileiros, incluindo os mais cultos e politizados como os meus amigos Roberto Piva e Zé Celso, menos Piva que Zé Celso, quase nunca se referiram a Pier Paolo Pasolini como marxista e homossexual. Na Itália o poeta e cineasta foi perseguido e assassinado pela burguesia industrial e miliciana. Pasolini começou filmando o sottoproletariado em La Ricotta chocando a direita no vaticano:

Ill ladrone buono!
Ill ladrone buono!
Ill ladrone buono!

Esse filme famélico e anticlerical, tendo Orson Wells como ator, lembra o teatro blasfemo de Oswald de Andrade, O Santeiro do Mangue, que retrata a submarginalidade sexual do Rio de Janeiro.

Pasolini, acredito, não iria desfilar na parada gay, udistoque e consumista, nem tampouco queria que todo mundo fosse homossexual. Ele preferia, como disse várias vezes, “fare l’amore” com homens heterossexuais.

Com sua paixão pelo útero materno, adversário do aborto, morando com sua mãe em Roma, seguramente Pasolini iria se opor ao matricídio fascista da atualidade materializado por Jair Bolsonaro e de Xavier Milei. Os homossexuais de esquerda deveriam é se juntar ao feminismo proletário contra a matança da mãe promovida pela vulgaridade capitalista da televisão.

Bolsonaro e Milei são machos vulgares e toscos, cuja misoginia remonta à língua do ódio contra o seio da mãe, diria, mamacídio.

As condições sociais que geraram a ideologia fálica em torno de uma mamadeira de piroca como espectro nas eleições de 2018 não desapareceram. Por isso, entre outras coisas, não é improvável que surja nas próximas eleições um Milei torcedor do Flamengo, o Milei argentino foi goleiro do time Lourenço, time católico do Papa, informou Nilso Domingos Ouriques, o autor do hoje clássico Futebol, a Traição Impossível, cujo título Nelson Rodrigues iria com certeza babar na gravata.