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O lucro dos bancos com os trabalhadores

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Por IELA em 03 de janeiro de 2019

O lucro dos bancos com os trabalhadores

Quem lucra com as reformas ultraliberais?

Animado com as propostas do novo governo o setor financeiro já está se preparando para estrondosos lucros. Com a falta de emprego e a crise financeira que deve começar a pegar a população pelo pé, a saída imediata de muita gente passa a ser o empréstimo. Isso já vem sendo uma realidade para muitos trabalhadores públicos de estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, cujos governos pagam o salário ou atrasado ou em parcelas, obrigando as pessoas a encontrar caminhos individuais para saldar os compromissos.
Os mineiros, por exemplo, não receberam o décimo-terceiro, o governador eleito já declarou que não tem como pagar e que “só deus sabe” quando poderá cumprir com esse compromisso. E pronto. Alega-se que não há recursos e tudo bem. O representante do sindicato dos trabalhadores no serviço público de MG diz nos jornais que “não tem como nesse momento colocar a faca no pescoço de uma pessoa que está chegando, diante de uma crise financeira dessas”. Ora, salário deveria ser sagrado. Que se deixe para trás outras contas, mas não a que garante a sobrevivência dos trabalhadores.
E assim, enquanto os trabalhadores amargam o desespero, os bancos gozam a mais pura alegria. No dia 27 de dezembro o Banco Central divulgou os números sobre o cheque especial cuja taxa está, na média, em 300% ao ano. Eu disse 300%. Nem mesmo os mais gananciosos agiotas praticam juros assim. O cartão de crédito parcelado teve juros de 160% ao ano e o crédito pessoal não-consignado ficou em 120% ao ano. Atentem também para o fato de que aqueles que têm menos dinheiro no banco, e gastam menos no crédito, são os que pagam as maiores taxas de manutenção de cartão. Já as contas mais polpudas pagam menos ou nada. As pessoas que não conseguem pagar a fatura do cartão e renegociam a dívida têm taxas também de mais de 300%.
Não é sem razão que no ano passado, no terceiro trimestre,  os três maiores bancos atuantes no Brasil tiveram o maior lucro de sua história. O Santander registrou lucro líquido de quase quatro bilhões (3,88 bi). O Itaú/Unibanco foi o que lucrou mais, quase sete bilhões, seguido pelo Bradesco, com cinco bilhões. Juntos acumularam 14 bilhões de reais. As operações de crédito somaram, também no terceiro trimestre (julho, agosto, setembro) mais de um trilhão de reais.
Um dia depois dos anúncios governamentais de reestruturação administrativa e promessas de privatização do patrimônio público, o presidente do Bradesco, Octávio de Lázari, falava nos jornais, esperançoso: “Nossa expectativa está bastante positiva. Se tudo isso se materializar esperamos que o crescimento do crédito seja de pelo menos dois dígitos baixos”. Ou seja, há vibração pelo fato de que as novas medidas vão colocar as pessoas com a corda no pescoço. E, sem saída, elas buscarão o empréstimo bancário. Mais lucros para os banqueiros. Eba!
O presidente do Itaú, Eduardo Vassimon, sem qualquer prurido anuncia que o banco está agora “de olho na Previdência”. Com a reforma que virá, as pessoas não terão outra saída senão contratar a previdência privada e os bancos estão preparados para abocanhar essa mina. Será a menina dos olhos deles. Lucro certo. Para os bancos, é claro, porque os trabalhadores seguirão arriscando sua vida na roleta da bolsa de valores.  “O crédito consignado (para trabalhadores públicos) também deverá crescer bastante”, alegra-se Eduardo.
Isso tudo apenas no campo do confisco do salário dos trabalhadores. Nem se comenta aqui os lucros que virão com outras operações.
Assim que quando o presidente da República diz que “o Brasil” está livre do socialismo, o que ele de fato está querendo dizer é que os empresários estão livres do socialismo. Porque no ultraliberalismo governamental não haverá muito espaço para políticas sociais. Tudo estará a serviço do pequeníssimo grupo empresarial que domina as finanças.
O socialismo, para quem não sabe, é um momento de transição do capitalismo para o comunismo, no qual os trabalhadores vão conquistando mais direitos e a produção vai saindo das mãos de poucos para passar ao controle da maioria dos trabalhadores. Obviamente que nunca houve socialismo no Brasil. O governo do PT foi capitalista, neoliberal, com alguma sensibilidade para o social. Durante os 14 anos que esteve no governo não preparou nenhuma reforma estrutural. Mas, ainda assim, as poucas políticas públicas que implementou já foram suficientes para indignar a casta dominante. Agora, com o novo governo, essa sensibilidade se esvai. E o “Brasil” que estará acima de todos é o Brasil dos bancos, dos latifundiários e dos gerentes das transnacionais.
Aos trabalhadores restará o crédito bancário, para ser pago em suaves prestações, com juros de 300% ao ano. Boa sorte.
 

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