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Numa ação inédita, hondurenhos marcham para os EUA

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Por IELA em 20 de outubro de 2018

Numa ação inédita, hondurenhos marcham para os EUA

Numa ação inédita até agora na América Latina milhares de hondurenhos decidiram marchar, em grupo, unificadamente, até os Estados Unidos em busca de vida melhor. Cerca de duas mil pessoas, algumas famílias inteiras, saíram no último sábado de São Pedro Sula, cidade que fica ao norte da capital do país. Seu objetivo é chegar no “país das oportunidades”, fugindo de uma das mais elevadas taxas de violência da América Central.  E, na medida em que a caminhada foi avançando, mais pessoas foram se somando à marcha, chegando a mais de quatro mil nessa sexta-feira (19), quando derrubaram as cercas da fronteira entre a Guatemala e o México. 
Durante a semana o presidente dos Estados Unidos, ao ser informado sobre a marcha, que não encontra precedente na história das migrações, jogou duro com o governo mexicano exigindo que as autoridades parem os hondurenhos antes que tentem passar a fronteira para os Estados Unidos. Ele também está ameaçando cortar todos os financiamentos aos países da América Central por onde está passando a marcha caso não parem os caminhantes. Em todo o país, outras tantas milhares de pessoas tem se somado ao apoio dos migrantes, entendendo que o México precisa amparar e proteger as famílias. É uma queda de braço nunca vista.
Historicamente o México tem sido a porta de entrada de milhares de migrantes de toda a América latina, em busca do “eldorado”, que eles consideram ser os Estados Unidos. E é pela fronteira do México que todos os dias se aventuram centenas de pessoas, enfrentando o horror das travessias perigosas e mortais. Mas, dessa vez, uma fileira imensa de gente decidiu empreender a caminhada migratória, às claras, sem o uso de coiotes ou outro tipo de artimanha para chegar aos EUA. E, justamente por estarem unidas, têm encontrado muita solidariedade por onde passam. Assim atravessaram o seu país, Honduras, passaram pela Guatemala e agora tentam chegar à fronteira com os Estados  Unidos. 

Mario Castellanos tem 11 aos e viaja sem família.

Honduras sofreu um golpe parlamentar/militar em 2009 quando Mel Zelaya foi deposto pelo Congresso Nacional a partir de uma série de acusações descabidas. Na verdade, a elite local não aceitava a ligação de Zelaya com o governo de Hugo Chávez. Assim, financiados e instruídos pelos Estados Unidos conseguiram derrubar o governo. Os governos que se seguiram desde então estiveram amparados no golpe e na fraude eleitoral. A violência cresce de maneira assustadora e o assassinato de lideranças sociais, sindicais e jornalistas passou a fazer parte do cotidiano.As famílias que decidiram migrar coletivamente fogem desse cenário no qual as famosas “maras” (grupos organizados de criminosos) tem nadado de braçada, diante da inoperância do governo. Além disso, a falta de oportunidades de trabalho leva a população a buscar outros espaços para garantir a vida. 
A saga dos caminhantes hondurenhos segue essa semana. Ninguém está disposto a desistir. Durante toda a vida viram na televisão que os estados Unidos é o melhor país do mundo e é para lá que querem ir. Agora, o México está com a batata quente na mão, pois o presidente Trump não quer que a marcha chegue á fronteira, onde pode ser muito mais difícil parar a multidão. 
Enquanto isso o drama dos hondurenhos vai ganhando o mundo, pressionando igualmente o governo do México e dos EUA para que sejam acolhidos. 
Não é o que têm encontrado no caminho. Apesar de estar juntos, em caminhada compacta, os hondurenhos já enfrentaram a polícia em várias ocasiões. De qualquer forma, seguem rumo aos EUA, sem fraquejar. 

Passando a fronteira da Guatemala

 

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