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Macri suspende sinal da TV Senado

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Por IELA em 27 de dezembro de 2015

Macri suspende sinal da TV Senado

Em pouco mais de um mês de governo, o novo presidente argentino, Maurício Macri, já tomou algumas decisões que se fossem tomadas por governos de países como Venezuela, Bolívia ou Equador já estariam sendo motivo de muita gritaria por parte da mídia comercial. Na primeira semana mandou suspender alguns programas da televisão pública, que se destacavam por sua criticidade, como o 6, 7 e 8. Depois, nomeou por decreto dois juízes da suprema corte, algo impensável num país democrático, já que essa decisão tem de passar pelo Senado. Essa ação, depois, foi suspensa por um juiz federal, que a julgou inconstitucional. Poucas informações circularam no Brasil sobre isso e ninguém chamou Macri de ditador.
Agora, no final da semana, decidiu suspender o canal do Senado, afetando com essa medida 23 países do Parlamento Latinoamericano, parceiros num convênio que criou o Parlatino Web TV, cujo servidor estava na plataforma multimeios do Senado argentino. Com essa atitude, claramente de afronta à proposta do Parlatino, o presidente coloca uma pá de cal em anos de trabalho dedicados à democratização da informação. 
Esse convênio para sediar os dados do Parlatino Web TV foi assinado em 2014, e nele o Senado se comprometia garantir as ferramentas e os recursos humanos para a consolidação da Rede Latino-Americana de Comunicação Parlamentária, que permitia à população assistir as sessões e acompanhar como votam os legisladores de seus países. Com essa medida, além de interferir no judiciário, com a nomeação dos juízes, o presidente argentino também interfere diretamente na soberania do legislativo. 
A medida parece ser uma clara represália aos colegas que guardaram silêncio quando de sua desastrosa participação na reunião do Mercosul, quando tentou interferir também na política de outro país, a Venezuela, pleiteando a libertação de Leopoldo Lopez. Na ocasião, o presidente argentino foi interpelado pela representante da Venezuela, que mostrou a ele as provas dos crimes cometidos por Leopoldo Lopez e ainda declarou não estranhar sua posição, uma vez que ele já havia se colocado favorável a libertação dos torturadores da ditadura militar no seu próprio país.
A suspensão do canal do Senado foi autorizada pela vice-presidenta Gabriela Michetti, pois Macri está de férias, e interrompe não apenas o sinal interno do órgão, mas também o que é difundido pelo cabo.Agora, resta ver como o senado argentino vai se comportar diante dessa ingerência. A semana que inicia promete bons debates no país. 

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