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Leonel Brizola São Paulo e Índios

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Por IELA em 14 de novembro de 2019

Leonel Brizola São Paulo e Índios

Cena do filme Anchieta, de Sarraceni. Quando deus é a morte do outro

Raivoso, neurótico, ressentido por descer o sarrafo na hegemonia econômica e cultural exercida por São Paulo, a ideologia dominante na periferia capitalista. Quanto a isso tenho os meus antecedentes: Walter da Silveira, Gunder Frank e Glauber Rocha. Sem falar em Oswald de Andrade que mostrou que a classe dominante paulista é xifópaga do capital estrangeiro. 
Os intelectuais paulistas de direita, originários do constitucionalismo de 32, contraíram uma tara exógena que se prolonga com o petucanismo consular.
Escrevi Leonel Brizola e a História. Além de protagonista, o historiador, intérprete do passado que explica o presente e aponta para o futuro. 
Reparo que “teoria” etimologicamente significa ver. Ver as coisas, ver os acontecimentos, ver as ideias, enfim, ver com os olhos livres. 
Ver e ouvir o fio da história. E, nesse aspecto, ousaria dizer que não há outro entre nós a não ser Leonel Brizola. 
Não é fácil deparar com um político que escreva, que fale, que comente o sentido histórico sobre o que está fazendo.
Na maioria das vezes quem atua não escreve sobre o que está acontecendo. Atuar e pensar a história ao tempo, eis o exemplo de Lênin e Trotsky, os dois intelectuais que fizeram revolução russa de 1917. 
Quantas e quantas vezes Leonel Brizola não repetiu que vinha de longe, que conhecia as manhas e artimanhas da história. Atenção: quando digo historiador não é escrever tese acadêmica de história. Isso tem às pencas por aí. 
O presente como história foi abordado por Leonel Brizola em seus gestos e em sua prosódia. 
Leonel Brizola sempre foi contra (antes de surgir o malvado Paulo Guedes) a concepção segundo a qual os velhinhos são inúteis à economia. 
Aos velhos aposentados a morte. 
Jair Bolsonaro é bruto, tribal e sádico. O cristianismo democratizou Deus, mas o nosso Deus não pode ser o Deus dos outros. Estou com Karl Marx contra mundum. 
Na Bolívia, a Bíblia branca mata os índios. A Bíblia é o maior best-seller genocida. Willian Morris, o socialista romântico inglês, de quem o historiador marxista Eduard Thompson era admirador e entusiasta, queria a “educação do desejo”, que não é a mesma coisa que “educação moral”, ou seja: “to teach desire to desire, to desire better, to desire more and above all to desire in a different way”.  
Darcy Ribeiro, que ficou sem escola para divulgar o seu próprio pensamento, dizia que a luta de classes iria cada vez mais enredar-se na etnia. Etnia é luta de classes. A nova guerra do Paraguay está se configurando na Bolívia: Trump, UDR bandeirante e Planalto Bolsonaro. 
Vamos tacar fogo na rede de dormir. 
Amém.
 

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